Diversidade Florística |
"Respeitar a flora pode significar equilibrar todas as actividades desencadeadas pelo avanço tecnológico, reduzindo a poluição, o desequilíbrio ecológico, o problema energético, a falta de alimentos no mundo e até mesmo a crise económica". (Ariane Luna Peixoto & Maria Regina de V. Barbosa). A conservação da Natureza, entendida como a preservação da biodiversidade, através da conservação e do restabelecimento dos habitats naturais e da flora e fauna, é uma das mais pertinentes necessidades dos nossos tempos, tendo em conta as exigências económicas, sociais e culturais. O Reino Vegetal não constituí apenas a fonte da nossa energia, é também um repositório de informações sobre o curso da evolução do nosso planeta, a origem do oxigénio que respiramos e a ‘esponja’ que absorve o dióxido de carbono que o homem, os seus carros e as suas fábricas exalam. Além de nos servir de alimento, e das muitas matérias essenciais que obtemos a partir das plantas, como a madeira, fibras, pasta de papel, borracha, tintas, e uma vasta gama de medicamentos e cosméticos, o seu valor estético proporciona, há séculos, inspiração aos poetas e artista. Além disso, as plantas verdes, aquáticas e terrestres, são a base da cadeia de alimentos para o Reino Animal. A flora de uma região representa o conjunto de espécimes vegetais que compõem o coberto vegetal de uma determinada área. Constitui um recurso de enorme valor pela importância fundamental que as plantas desempenham para os outros organismos vivos, nos diferentes ecossistemas.A biodiversidade vegetal do Continente Português, deve-se em grande parte à sua situação biogeográfica, localizado na extremidade ocidental da faixa de contacto entre duas regiões distintas, a sub-região Atlântica e a região Mediterrânea. Esta situação permite que espécies nativas das duas regiões se encontrem neste extremo. Na região Litoral, o clima típico é profundamente influenciado pelo oceano, onde as condições de atlanticidade se fazem sentir pela ocorrência de temperaturas amenas, elevada humidade atmosférica, fracas amplitudes térmicas e Invernos chuvosos. Dado que as plantas dependem estreitamente das características edafoclimáticas do meio para se instalarem e manterem, as comunidades vegetais podem, por si só, caracterizar um determinado Habitat Natural, visto a sua presença representar um óptimo indicador indirecto dos factores físicos que as condicionam.Uma outra forma, além do estudo de campo, de conhecimento da flora de uma região, é o chamado Herbário, que reúne conjuntos de espécimes vegetais secos, dispostos segundo a classificação botânica. Os herbários armazenam e conservam amostras de espécies vegetais ou parte delas, provenientes de diferentes locais, documentando a riqueza florística de uma região."Se estudarmos a Natureza só nos livros, não a reconheceremos ao encontrá-la no campo." Louis Agassiz (1807-1873) A Botânica é a ciência que estuda o Reino Vegetal. Os seus principais domínios são: fisiologia vegetal, que estuda o funcionamento das plantas, a morfologia vegetal, que se ocupa da organização e estrutura dos componentes vegetais, e a sistemática, estudo científico da diversidade e diferenciação das espécies vegetais.A Botânica Sistemática tem por finalidade a identificação e classificação das plantas segundo uma ordem racional. A Taxonomia é a parte da Sistemática que estuda a classificação, isto é, as suas bases, princípios, procedimentos e regras, agrupando as plantas numa classificação hierárquica, em categorias cada vez mais alargadas, possibilitando identificações com a máxima exactidão. A denominação das plantas e a sua colocação num sistema hierárquico de classificação normalizado e aceite, é orientada por regras estritas, estabelecidas pelo Código Internacional de Nomenclatura Botânica (ICBN – International Code of Botanical Nomenclature). Neste código são reconhecidas doze categorias principais decrescentes, que vão desde o reino, passando pela divisão até à espécie, considerada geralmente como a unidade básica de classificação. O nome dos grupos taxonómicos superiores (até ao género) distinguem-se pela presença de terminações especiais, indicativas da categoria taxonómica a que pertencem. Os nomes das espécies e géneros são latinizados e escritos em itálico ou sublinhados. A espécie tem uma nomenclatura binomial, incluí o nome do género a que pertence (escrito em primeiro lugar), seguido do epíteto específico. A classificação das plantas é o meio pelo qual nos podemos aperceber da natureza mutável do Reino Vegetal, por exemplo, protegendo aquelas em perigo de extinção, particularmente agora, quando muitos dos nossos recursos naturais começam a faltar ou a esgotar-se. A nível laboratorial, a taxonomia experimental, que se destina a descobrir algo mais sobre a natureza e base genética da diversidade das espécies, poderá constituir a chave para a preservação dessa diversidade e para o seu emprego em estudos como o melhoramento das culturas. Actualmente o Reino Vegetal está dividido em dois grandes grupos: os Talófitos (algas, fungos e liquenes), e os Cormófitos (musgos, fetos e plantas vasculares). Os primeiros apresentam um tecido sem diferenciação fisiológica – o talo, enquanto os Cormófitos são dotados de estrutura em cormo, eixo longitudinal diferenciado em raiz, caule e folhas. Os Cormófitos dividem-se em Criptogâmicas (Pteridophyta), plantas sem flor nem sementes, reproduzindo-se por esporos, mas com raiz, caule e folhas diferenciadas, e as Fanerogâmicas, que incluí todas as plantas que possuem flores com os órgãos reprodutores diferenciados e que se reproduzem por sementes. Consoante o tipo de sementes, as fanerogâmicas classificam-se em Gymnospermae e Angiospermae. |